quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sobre a Decência e o Recato



O sujeito emparelhou o carro com a minha bicicleta e mandou:

- Está muito indecente esta tua calça.

- É assim que os homens gostam - retruquei cheia de razão de dentro da calça de lycra preta.

Era o regional de desbravadores - bem casado ele.

- Mas o homem prefere a semi-nudez que é pra ficar imaginando o que tem debaixo.

- Ahn.

- Não pode sair mostrando tudo que perde a graça.

- Então vou por o quê?

- Bota uma mini-saia semi-transparente.

Eu teria feito um comentário se ele não tivesse arrancado o carro em seguida perante os meus olhos arregalados


* * *

A preceptora mais séria entrou no saguão do dormitório justo no momento em que eu mostrava a maquiagem da Natura para as gurias. Chegou um pouco mais perto e pediu para ver um batom. Abri uma caixinha aleatoriamente e de lá saiu um batom vermelho vivo. Daqueles mais indiscretos, mais provocantes, mais proibidos. Daqueles que as antigas preceptoras mandavam de volta para o dormitório se pegassem uma desavisada usando.


Pensei: - Ferrou. Agora ela vai me expulsar daqui.
Tentei consertar a situação depressa; abri as outras caixinhas de batom e fui logo falando: - Tem outros mais discretinhos aqui se tu quiser.
Ela fez uma cara de decepção que eu queria ter fotografado.

E chiou: - Não. Mas eu gosto é daquele ali mesmo.

Ora, veja. Não se fazem mais preceptoras como antigamente.



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